Quem estudou profundamente o assunto no Brasil, foi a jornalista Wilma Azevedo e nos fala sobre as práticas e como está o sadomasoquismo no Brasil em seus três livros sobre o assunto. Ela diz que aqui, os adeptos desta prática consideram o Sadomasoquismo como uma “brincadeira” levada a sério, cheia de símbolos.
Uma distinção que os adeptos fazem é do sadomasoquista patológico do “erótico”. Azevedo denomina como Sádico-Erótico, áqueles que na prática são denominados de dominador(a), os indivíduos que sentem prazer em subjulgar seu parceiro(a), mas dentro dos limites do outro e respeitando as próprias leis da natureza. Os masoquistas-erótico, ou escravo ou submisso, são os que procuram, no prazer comedido, o máximo de excitação em submeter-se ao seu/sua parceiro(a), sem que isso comprometa sua integridade física.
Nos países mais desenvolvidos, existem muitas revistas e livros que falam à respeito do sadismo-erótico. Publicações de jornais e folhetins, com fotos e materiais reais, dando assim mais chances aos interessados de se instruir à respeito. Isso deveria com certeza ocorrer aqui.
As mulheres ficariam surpresas quando descobrissem que muitos homens, na cama querem e precisam submeter-se à elas muitas vezes, até como uma afronta à imagem autoritários de dominadores que são obrigados a assumir, perante a sociedade, por imposição do trabalho, meio ambiente e outros motivos, à noite sente vontade de abandonar esta “máscara” de dominadores e autoritários para se tornarem brinquedos sexuais nas mãos de mulheres inteligentes e forte caráter que aceitam realizar suas fantasias eróticas.
Azevedo explica como deve ser uma “dominadora”, fala que deve verdadeiramente conhecer de psicologia e saber respeitar os limites e as preferências de cada parceiro, pois na realidade, é ele quem determina seu melhor modo de se chegar ao clima orgásmico, tirando a sua fantasia da gozação, a brincadeira da realidade, o relacionamento vai crescendo, tornando-se prazeiroso. Por esse motivo, nunca seria possível um relacionamento de um masoquista erótico com um sádico patológico, pois o sádico não iria respeitar estas regras. Se um homem quer chegar a excitação e ao orgasmo através da realização de fantasias eróticas incomuns, a dominadora tem que se guiar pela excitação aparente. Um membro ereto ou a expressão fisionômica determina se o relacionamento está sendo prazeiroso ou não. Muitos deles por qualquer razão, sendo impotente, procuram através do sadomasoquismo, apenas uma forma de se divertir. A sós, por muito tempo, vão tentar se masturbar ao relembrar tudo aquilo, se for do seu agrado.
Dependendo do que combinaram os parceiros, a dominadora permite o orgasmo genital, ou através do orgasmo genital, ou através da masturbação.
Azevedo explica algumas variações e preferências de quem pratica o sadomasoquismo, uma das mais importantes e comuns é a Bondage como se denomina em inglês ou ligotte em francês, que é a arte não violenta de imobilizar seu parceiro, para excitá-lo até o limite de sua carga erótica. Quem se prontifica a práticas dessa natureza, deve levar em conta os prazeres comedidos, em que o limite da dor e segurança máxima devem ser a principal preocupação. Existem regras indispensáveis para a imobilização e todo dominador tem que ter certos cuidados, como nunca prender nada no pescoço de alguém que não possa ser desatado imediatamente. Cuidado com a circulação dos pulsos e tornozelos. As áreas genitais devem ser cuidadosamente torturadas e a atenção deve ser dada às expressões fisionômicas do dominado, principalmente quando estão amordaçados. A qualquer sinal de muita dor ou desagrado, se faz necessário cuidar para reverter a situação, a fim de que o outro se sinta bem e com excitação crescente. Os estímulos devem ser exageradamente lentos. A masturbação ou felação ou ainda a cunilingua não podem faltar. Prendê-lo firme, mas confortavelmente, praticando excitações lentas e fazendo que ele sinta o seu corpo a disposição para ser torturado, tendo como variante, vedar seus olhos, impossibilitando de ver o corpo da dominadora.
Outra preferência é a coprofagia (o prazer de ingerir fezes) e a urognolia (o prazer de ingerir urina da pessoa), geralmente associados as práticas sadomasoquistas.
O adultério é outra variante, o sujeito adora ser submisso e ver sua mulher com outro ou outros, chegar ao orgasmo vendo sua mulher ser possuída por outro homem. Desta variação tem um componente homossexual, pois alguns gostam que o homem que penetrou em sua esposa, penetre nele também.
Sacher-Masoch (1836-1895) tolerava que a amante copulasse com outro homem e o atormentasse (deliciosamente) de ciúme. Mas dispensou-a quando, em suas infidelidade, ela contraiu um doença venérea. Vênus Vestida de Peles é a novelização de sua vida com outra amante, Fanny Pistor. Também no romance Wanda tinha um amante, como Fanny na vida real. Sarcher-Masoch costumava observar suas amantes pelo buraco da fechadura, enquanto elas copulavam com algum outro homem. (Pereira, 1081)
Podolatria é a variação que está mais ligado ao sadomasoquismo. Para o podólatra, ver uma mulher oferecer seus pés para que ele o idolatre é tudo o que ele sonha, encontrar alguém que entenda e curta essa prática.
Em relação ao homem que se oferece de livre e espontânea vontade para ser escravo erótico, deve sentir que, no mínimo, a dominadora tenha consideração pelos seus desejos. A sádica patológica gosta de maltratá-los, acha que não merecem prazer algum, gosta de chicoteá-los e dependendo do dia, os chicoteiam até as lágrimas, pois são um excelente sinal de submissão total. Quando já bateu bastante, obrigam-no a deitar-se no chão beijando seus pés em agradecimento, para que sintam dominado e humilhado e não para idolatrá-lo. Existe muitos que se submetem a estas sádicas que não respeitam seus limites, mas podem ter prejuízo de sua saúde física e mental. Estas sádicas nunca permitem que tenham prazer, nem genital, nem masturbatório, não o excitam de forma alguma, enfim, só faz o que ela quer fazer, não se importando se está agradando o seu parceiro e nem com o prazer dele.
Já a sádica-erótica ou dominadora que aceita realizar as fantasias do seus parceiro, depois de conhecer seus gostos e limites, ao realizar uma sessão sadomasoquista, mantém o parceiro próximo ao orgasmo diversas vezes, mas tomando o cuidado para que ele não ejacule até que se termine a sessão ou se pretende realizar um coito, pois o clima sadomasoquista pode durar horas apenas entre adeptos destas praticas, onde a dominadora realiza as fantasias como se estivesse sendo obrigada a realizá-la, mas ela tem que sentir prazer em fazê-lo e por ser incluída em seus desejos mais secretos. Ela pode exercitar seu poder de mando, superioridade e sensualidade sobre um ser que deseja chegar ao orgasmo através de situações como estas.
Quanto as torturas aplicadas nos seus parceiros, Azevedo dá alguns exemplos, mas é bom frisar que antes de tudo o parceiro tem consciência que está numa sessão sadomasoquista para ser castigado por uma ou mais dominadora, mesmo que não tenha cometido nenhuma falta, seria simplesmente para o prazer da dominadora.
Humilhações verbais, onde se expõe o parceiro ao ridículo, como por exemplo, usar apenas um aventalzinho de cozinheira e mandar desfilar diante de sua dominadora. Ridicularizar partes de seu corpo. Fazer ameaças de ferir sua masculinidade, tipo, penetrações de objetos em seu ânus. Criticar seus comportamentos, como a “falta de higiene” mesmo que ele esteja limpo, falar que ele tem pelos debaixo do braço, por exemplo, chamá-lo de sujo e que ele não é digno, nem de ser usado pela sua dona. Dar castigos, como por exemplo, deixar de molho numa banheira por um tempo determinado ou a gosto da dominadora, sozinho. Outras punições podem ser: interromper algo que a dominadora sabe que está dando prazer para o parceiro ou certo conforto, tipo beijar os pés dela, sendo que ele é podólatra. Colocá-lo em situações constrangedoras, como mandar ficar de quatro e adestrá-lo como se fosse um cão.
Torturas com pequenas dores e humilhações situacionais, tais como usá-lo como se fosse um cavalo, mandando relinchar, cavalgar sobre ele, chicoteá-lo e pressionar sua bexiga com os pés, causando urgência miccional, sem permitir o alívio imediato. Prender seu pênis com uma peça muito comum no meio sadomasoquista, chamado arreio do diabo, para impedir que ele libere sua urina, até que ele não consiga mais e implore que a libere ou se o parceiro gostar de ingerir urina, existe uma outra peça que liga sua uretra a sua boca, e no caso, se ele urinar, a urina vai para dentro de sua boca e ele tem que engoli-la. Outras torturas leves que ela descreve é mordidas, beliscões, agulhadas, cera de vela derretida no corpo, palmadas, bofetadas, puxões de cabelo, pisar sobre o corpo, enfim, nada que marque seu corpo ou cause dor forte.
Torturas com sofrimentos e humilhações mais fortes. O sofrimento físico, a flagelação lhe vale principalmente porque é humilhante.
Torturas com dores intensas, onde a dor é fundamental, requer flagelação (chicotes) e o prazer é através de dor física resultante de tortura, de punições efetivas, tal como a obtida por mordeduras, picadas, incisões, etc, mas que deixam marcas.
Como já explicamos acima, temos o Masoquismo relacionado ao homossexualismo (penetrações anais, lavagens anais, etc) ou aos travestismo (vestir-se com roupas do sexo oposto), que também são formas de tortura.
O livro de Wilma Azevedo que teve maior repercussão na mídia foi Sadomasoquismo sem medo. Desta forma, trazemos um apanhado geral desse livro;
Azevedo explica as dificuldades que os sadomasoquistas enfrentam em relação que os não praticantes, o fato deles não entenderem os verdadeiros motivos de uma pessoa preferir ser afagada com espinhos da roseira e não com as pétalas da rosa. Existem milhões de outras formas de carinho, além do convencional e afirma que devemos conhecer o SM antes de considerar sua prática, como psicopatológica ou desequilíbrio. Muito pior falar em desvio sexual, já que hoje, os sexólogos denominam de parafilias, por serem paralelas as que a maioria pratica. Azevedo afirma que as pessoas que praticam o SM são estáveis, equilibradas, amadurecidas e adultos que escolhem em sã consciência o que é melhor para si
As obras literárias de Masoch, ao contrário das obras de Sade, está repletas de sentimentos de amor e dedicação, juntamente com as práticas masoquistas, Na conclusão de historiadores, seus personagens não desrespeitavam nenhuma norma, não causavam mal, não afrontavam a sociedade ou suas regras, quer de natureza física ou mental. Sacher Masoch demonstra que o masoquismo é completamente normal. Basta analisar sua obra “Venus das Peles, onde Severin deixa-se dominar por Wanda, mas no momento em que ela passa dos limites, ele rompe os laços com ela. Homens desejam submissão, mais que as mulheres. Não se sabe a causa.
Azevedo tentou montar um Clube para adeptos, foi ameaçada de morte e teve investigação policial. Ela retrocedeu e fechou o clube. Uma possível queixa era que Wilma era responsável por despertar o SM nos homens. Wilma declara “todos tem direito de privacidade quanto a sua individualidade, sendo justo que possam desfrutar de sua peculiar maneira de ser. Desde que não desrespeitemos os outros, não ultrapassamos nenhuma lei, como realizamos nossos atos sexuais, só a nós diz respeito”. Ela cita outra dominadora e um psicólogo que estaria fazendo um clube semelhante e incentiva esta dupla. O sadismo é freqüentemente mais no homem e raro na mulher. O sadismo caracterizado por prazer em causar malvadezas ou perversidades, usados nas torturas e repressões políticas, por exemplo, com ou sem erotismo, deve ser submetido ao rigor da lei. O sadismo psicopático, caracterizado por doença mental, tal como estupradores e assassinos em série ou psicóticos, que fere a integridade do outro, deve ser tratado pela medicina. Nos casos em que denominamos de sádico erótico, em que o parceiro esteja de comum acordo e que o sádico erótico respeita o limite do outro, fica fora de qualquer julgamento. No final da década de 70, com o afrouxamento da censura no Brasil e o relaxamento dos padrões sociais mais rígidos, tivemos a divulgação da prática SM pelas revistas eróticas. Na década de 80, movimentos tentavam firmar esta prática, como aceitas na sociedade. Formou-se no mundo todo a sociedade “Fetichista” e congressos para a divulgação e a aceitação do SM. No Brasil, além dos escritos de Wilma Azevedo, o cartunista Henfil defendia a prática SM como normal, em declarações a imprensa ou em suas obras artísticas. Existe uma vertente do SM, denominada “candaulesismo” no qual o marido pede para sua esposa adulterar na presença dele. Desta forma não é considerado adultério. Calligaris afirma que não existe perversão ou desvio na norma sexual. Perversão no Ocidente desde o século XIX é uma categoria policial, jamais clínica. Outro caso são os masoquistas que buscam a morte, assinam livremente que o “outro” de cabo de sua vida, mesmo assim, ocorrido o crime, é considerado homicídio. O comportamento do casal anormal é quando uma parte das partes não consente a fazer o que não deseja. Existe um tipo de masoquismo que não conhece seus limites e permite que o “outro” o domine e o torture, mas não consegue domar sua compulsão e o jogo erótico pode culminar em danos físicos, pelo fato do masoquista não avisar ao parceiro que passou do seu limite. Este tipo de masoquista deve ser tratado clinicamente, e não pela lei. Wilma Azevedo afirma que as pessoas que praticam o SM são estáveis, equilibradas, amadurecidas e adultos que escolhem em sã consciência o que é melhor para si. Acredita que além desta teoria bioquímica, a origem do masoquismo está no estágio da infância. Com a ansiedade e o medo natural, vem o “treinamento” para a dor suportável. Sobre a teoria de que o masoquismo decorre de uma culpa, Azevedo coloca de outra forma, o fato de ter tendência masoquista e ser influenciado pelo ambiente, leva a sensação de culpa, de medo de não ser aceito, de ser taxado de maluco ou pervertido. Não tem nada a ver com a baixa de auto-estima. O masoquista lá fora é uma pessoa de alto gabarito social, normalmente. O sadomasoquismo é uma coisa inata nas pessoas. O psicanalista Miguel Chalub declarou “O masoquista tem necessidade de expiar a sua culpa. O sádico é na verdade, um revoltado que precisa castigar alguém” Num depoimento de Anton, um ex-escravo austríaco de Wilma Azevedo “A mente de um masoquista é treinada desde cedo para gostar do sofrimento como prova de sua submissão”
Marilene Chauí em seu livro “Repressão sexual, essa nossa desconhecida” (1985), analisa as práticas e idéias sexuais que não se conformam aos padrões morais vigentes no mundo ocidental, principalmente os de formação católica. Encarado pelo ângulo da moral, essas práticas são consideradas vícios e seu contrário são tratadas como virtude. O vício pode ter o sentido de disposição ao mal, ou tendência ou impulso reprovável decorrente de uma imperfeição que torna alguém incapaz de seguir sua destinação natural, ou ainda, depravação, gosto ou práticas sexual reprováveis pela moral e pela sociedade.Uma distinção que os adeptos fazem é do sadomasoquista patológico do “erótico”. Azevedo denomina como Sádico-Erótico, áqueles que na prática são denominados de dominador(a), os indivíduos que sentem prazer em subjulgar seu parceiro(a), mas dentro dos limites do outro e respeitando as próprias leis da natureza. Os masoquistas-erótico, ou escravo ou submisso, são os que procuram, no prazer comedido, o máximo de excitação em submeter-se ao seu/sua parceiro(a), sem que isso comprometa sua integridade física.
Nos países mais desenvolvidos, existem muitas revistas e livros que falam à respeito do sadismo-erótico. Publicações de jornais e folhetins, com fotos e materiais reais, dando assim mais chances aos interessados de se instruir à respeito. Isso deveria com certeza ocorrer aqui.
As mulheres ficariam surpresas quando descobrissem que muitos homens, na cama querem e precisam submeter-se à elas muitas vezes, até como uma afronta à imagem autoritários de dominadores que são obrigados a assumir, perante a sociedade, por imposição do trabalho, meio ambiente e outros motivos, à noite sente vontade de abandonar esta “máscara” de dominadores e autoritários para se tornarem brinquedos sexuais nas mãos de mulheres inteligentes e forte caráter que aceitam realizar suas fantasias eróticas.
Azevedo explica como deve ser uma “dominadora”, fala que deve verdadeiramente conhecer de psicologia e saber respeitar os limites e as preferências de cada parceiro, pois na realidade, é ele quem determina seu melhor modo de se chegar ao clima orgásmico, tirando a sua fantasia da gozação, a brincadeira da realidade, o relacionamento vai crescendo, tornando-se prazeiroso. Por esse motivo, nunca seria possível um relacionamento de um masoquista erótico com um sádico patológico, pois o sádico não iria respeitar estas regras. Se um homem quer chegar a excitação e ao orgasmo através da realização de fantasias eróticas incomuns, a dominadora tem que se guiar pela excitação aparente. Um membro ereto ou a expressão fisionômica determina se o relacionamento está sendo prazeiroso ou não. Muitos deles por qualquer razão, sendo impotente, procuram através do sadomasoquismo, apenas uma forma de se divertir. A sós, por muito tempo, vão tentar se masturbar ao relembrar tudo aquilo, se for do seu agrado.
Dependendo do que combinaram os parceiros, a dominadora permite o orgasmo genital, ou através do orgasmo genital, ou através da masturbação.
Azevedo explica algumas variações e preferências de quem pratica o sadomasoquismo, uma das mais importantes e comuns é a Bondage como se denomina em inglês ou ligotte em francês, que é a arte não violenta de imobilizar seu parceiro, para excitá-lo até o limite de sua carga erótica. Quem se prontifica a práticas dessa natureza, deve levar em conta os prazeres comedidos, em que o limite da dor e segurança máxima devem ser a principal preocupação. Existem regras indispensáveis para a imobilização e todo dominador tem que ter certos cuidados, como nunca prender nada no pescoço de alguém que não possa ser desatado imediatamente. Cuidado com a circulação dos pulsos e tornozelos. As áreas genitais devem ser cuidadosamente torturadas e a atenção deve ser dada às expressões fisionômicas do dominado, principalmente quando estão amordaçados. A qualquer sinal de muita dor ou desagrado, se faz necessário cuidar para reverter a situação, a fim de que o outro se sinta bem e com excitação crescente. Os estímulos devem ser exageradamente lentos. A masturbação ou felação ou ainda a cunilingua não podem faltar. Prendê-lo firme, mas confortavelmente, praticando excitações lentas e fazendo que ele sinta o seu corpo a disposição para ser torturado, tendo como variante, vedar seus olhos, impossibilitando de ver o corpo da dominadora.
Outra preferência é a coprofagia (o prazer de ingerir fezes) e a urognolia (o prazer de ingerir urina da pessoa), geralmente associados as práticas sadomasoquistas.
O adultério é outra variante, o sujeito adora ser submisso e ver sua mulher com outro ou outros, chegar ao orgasmo vendo sua mulher ser possuída por outro homem. Desta variação tem um componente homossexual, pois alguns gostam que o homem que penetrou em sua esposa, penetre nele também.
Sacher-Masoch (1836-1895) tolerava que a amante copulasse com outro homem e o atormentasse (deliciosamente) de ciúme. Mas dispensou-a quando, em suas infidelidade, ela contraiu um doença venérea. Vênus Vestida de Peles é a novelização de sua vida com outra amante, Fanny Pistor. Também no romance Wanda tinha um amante, como Fanny na vida real. Sarcher-Masoch costumava observar suas amantes pelo buraco da fechadura, enquanto elas copulavam com algum outro homem. (Pereira, 1081)
Podolatria é a variação que está mais ligado ao sadomasoquismo. Para o podólatra, ver uma mulher oferecer seus pés para que ele o idolatre é tudo o que ele sonha, encontrar alguém que entenda e curta essa prática.
Em relação ao homem que se oferece de livre e espontânea vontade para ser escravo erótico, deve sentir que, no mínimo, a dominadora tenha consideração pelos seus desejos. A sádica patológica gosta de maltratá-los, acha que não merecem prazer algum, gosta de chicoteá-los e dependendo do dia, os chicoteiam até as lágrimas, pois são um excelente sinal de submissão total. Quando já bateu bastante, obrigam-no a deitar-se no chão beijando seus pés em agradecimento, para que sintam dominado e humilhado e não para idolatrá-lo. Existe muitos que se submetem a estas sádicas que não respeitam seus limites, mas podem ter prejuízo de sua saúde física e mental. Estas sádicas nunca permitem que tenham prazer, nem genital, nem masturbatório, não o excitam de forma alguma, enfim, só faz o que ela quer fazer, não se importando se está agradando o seu parceiro e nem com o prazer dele.
Já a sádica-erótica ou dominadora que aceita realizar as fantasias do seus parceiro, depois de conhecer seus gostos e limites, ao realizar uma sessão sadomasoquista, mantém o parceiro próximo ao orgasmo diversas vezes, mas tomando o cuidado para que ele não ejacule até que se termine a sessão ou se pretende realizar um coito, pois o clima sadomasoquista pode durar horas apenas entre adeptos destas praticas, onde a dominadora realiza as fantasias como se estivesse sendo obrigada a realizá-la, mas ela tem que sentir prazer em fazê-lo e por ser incluída em seus desejos mais secretos. Ela pode exercitar seu poder de mando, superioridade e sensualidade sobre um ser que deseja chegar ao orgasmo através de situações como estas.
Quanto as torturas aplicadas nos seus parceiros, Azevedo dá alguns exemplos, mas é bom frisar que antes de tudo o parceiro tem consciência que está numa sessão sadomasoquista para ser castigado por uma ou mais dominadora, mesmo que não tenha cometido nenhuma falta, seria simplesmente para o prazer da dominadora.
Humilhações verbais, onde se expõe o parceiro ao ridículo, como por exemplo, usar apenas um aventalzinho de cozinheira e mandar desfilar diante de sua dominadora. Ridicularizar partes de seu corpo. Fazer ameaças de ferir sua masculinidade, tipo, penetrações de objetos em seu ânus. Criticar seus comportamentos, como a “falta de higiene” mesmo que ele esteja limpo, falar que ele tem pelos debaixo do braço, por exemplo, chamá-lo de sujo e que ele não é digno, nem de ser usado pela sua dona. Dar castigos, como por exemplo, deixar de molho numa banheira por um tempo determinado ou a gosto da dominadora, sozinho. Outras punições podem ser: interromper algo que a dominadora sabe que está dando prazer para o parceiro ou certo conforto, tipo beijar os pés dela, sendo que ele é podólatra. Colocá-lo em situações constrangedoras, como mandar ficar de quatro e adestrá-lo como se fosse um cão.
Torturas com pequenas dores e humilhações situacionais, tais como usá-lo como se fosse um cavalo, mandando relinchar, cavalgar sobre ele, chicoteá-lo e pressionar sua bexiga com os pés, causando urgência miccional, sem permitir o alívio imediato. Prender seu pênis com uma peça muito comum no meio sadomasoquista, chamado arreio do diabo, para impedir que ele libere sua urina, até que ele não consiga mais e implore que a libere ou se o parceiro gostar de ingerir urina, existe uma outra peça que liga sua uretra a sua boca, e no caso, se ele urinar, a urina vai para dentro de sua boca e ele tem que engoli-la. Outras torturas leves que ela descreve é mordidas, beliscões, agulhadas, cera de vela derretida no corpo, palmadas, bofetadas, puxões de cabelo, pisar sobre o corpo, enfim, nada que marque seu corpo ou cause dor forte.
Torturas com sofrimentos e humilhações mais fortes. O sofrimento físico, a flagelação lhe vale principalmente porque é humilhante.
Torturas com dores intensas, onde a dor é fundamental, requer flagelação (chicotes) e o prazer é através de dor física resultante de tortura, de punições efetivas, tal como a obtida por mordeduras, picadas, incisões, etc, mas que deixam marcas.
Como já explicamos acima, temos o Masoquismo relacionado ao homossexualismo (penetrações anais, lavagens anais, etc) ou aos travestismo (vestir-se com roupas do sexo oposto), que também são formas de tortura.
O livro de Wilma Azevedo que teve maior repercussão na mídia foi Sadomasoquismo sem medo. Desta forma, trazemos um apanhado geral desse livro;
Azevedo explica as dificuldades que os sadomasoquistas enfrentam em relação que os não praticantes, o fato deles não entenderem os verdadeiros motivos de uma pessoa preferir ser afagada com espinhos da roseira e não com as pétalas da rosa. Existem milhões de outras formas de carinho, além do convencional e afirma que devemos conhecer o SM antes de considerar sua prática, como psicopatológica ou desequilíbrio. Muito pior falar em desvio sexual, já que hoje, os sexólogos denominam de parafilias, por serem paralelas as que a maioria pratica. Azevedo afirma que as pessoas que praticam o SM são estáveis, equilibradas, amadurecidas e adultos que escolhem em sã consciência o que é melhor para si
As obras literárias de Masoch, ao contrário das obras de Sade, está repletas de sentimentos de amor e dedicação, juntamente com as práticas masoquistas, Na conclusão de historiadores, seus personagens não desrespeitavam nenhuma norma, não causavam mal, não afrontavam a sociedade ou suas regras, quer de natureza física ou mental. Sacher Masoch demonstra que o masoquismo é completamente normal. Basta analisar sua obra “Venus das Peles, onde Severin deixa-se dominar por Wanda, mas no momento em que ela passa dos limites, ele rompe os laços com ela. Homens desejam submissão, mais que as mulheres. Não se sabe a causa.
Azevedo tentou montar um Clube para adeptos, foi ameaçada de morte e teve investigação policial. Ela retrocedeu e fechou o clube. Uma possível queixa era que Wilma era responsável por despertar o SM nos homens. Wilma declara “todos tem direito de privacidade quanto a sua individualidade, sendo justo que possam desfrutar de sua peculiar maneira de ser. Desde que não desrespeitemos os outros, não ultrapassamos nenhuma lei, como realizamos nossos atos sexuais, só a nós diz respeito”. Ela cita outra dominadora e um psicólogo que estaria fazendo um clube semelhante e incentiva esta dupla. O sadismo é freqüentemente mais no homem e raro na mulher. O sadismo caracterizado por prazer em causar malvadezas ou perversidades, usados nas torturas e repressões políticas, por exemplo, com ou sem erotismo, deve ser submetido ao rigor da lei. O sadismo psicopático, caracterizado por doença mental, tal como estupradores e assassinos em série ou psicóticos, que fere a integridade do outro, deve ser tratado pela medicina. Nos casos em que denominamos de sádico erótico, em que o parceiro esteja de comum acordo e que o sádico erótico respeita o limite do outro, fica fora de qualquer julgamento. No final da década de 70, com o afrouxamento da censura no Brasil e o relaxamento dos padrões sociais mais rígidos, tivemos a divulgação da prática SM pelas revistas eróticas. Na década de 80, movimentos tentavam firmar esta prática, como aceitas na sociedade. Formou-se no mundo todo a sociedade “Fetichista” e congressos para a divulgação e a aceitação do SM. No Brasil, além dos escritos de Wilma Azevedo, o cartunista Henfil defendia a prática SM como normal, em declarações a imprensa ou em suas obras artísticas. Existe uma vertente do SM, denominada “candaulesismo” no qual o marido pede para sua esposa adulterar na presença dele. Desta forma não é considerado adultério. Calligaris afirma que não existe perversão ou desvio na norma sexual. Perversão no Ocidente desde o século XIX é uma categoria policial, jamais clínica. Outro caso são os masoquistas que buscam a morte, assinam livremente que o “outro” de cabo de sua vida, mesmo assim, ocorrido o crime, é considerado homicídio. O comportamento do casal anormal é quando uma parte das partes não consente a fazer o que não deseja. Existe um tipo de masoquismo que não conhece seus limites e permite que o “outro” o domine e o torture, mas não consegue domar sua compulsão e o jogo erótico pode culminar em danos físicos, pelo fato do masoquista não avisar ao parceiro que passou do seu limite. Este tipo de masoquista deve ser tratado clinicamente, e não pela lei. Wilma Azevedo afirma que as pessoas que praticam o SM são estáveis, equilibradas, amadurecidas e adultos que escolhem em sã consciência o que é melhor para si. Acredita que além desta teoria bioquímica, a origem do masoquismo está no estágio da infância. Com a ansiedade e o medo natural, vem o “treinamento” para a dor suportável. Sobre a teoria de que o masoquismo decorre de uma culpa, Azevedo coloca de outra forma, o fato de ter tendência masoquista e ser influenciado pelo ambiente, leva a sensação de culpa, de medo de não ser aceito, de ser taxado de maluco ou pervertido. Não tem nada a ver com a baixa de auto-estima. O masoquista lá fora é uma pessoa de alto gabarito social, normalmente. O sadomasoquismo é uma coisa inata nas pessoas. O psicanalista Miguel Chalub declarou “O masoquista tem necessidade de expiar a sua culpa. O sádico é na verdade, um revoltado que precisa castigar alguém” Num depoimento de Anton, um ex-escravo austríaco de Wilma Azevedo “A mente de um masoquista é treinada desde cedo para gostar do sofrimento como prova de sua submissão”
Chauí parte para uma análise detalhada das conseqüências que advém destes significados, mas nos ateremos ao que nos é mais importante, isto é, a estigmatização, a condenação política e a sinalização para que os demais membros da sociedade possam dispor de instrumentos para identificar os viciosos “naturais”, corruptos e depravados.
Dentro desta ótica, Carl R.Rogers (1975) critica a presença da censura moral e do processo criminal. Ele aceita outros modelos de união conjugal e outras práticas sexuais nos relacionamentos conjugais, que não o tradicional modelado pela moral, adotados por adultos mutuamente conscientes, contando que não fosse em claro detrimento de terceiros. Diz ele que teríamos uma revolução no âmbito das uniões, uma revolução na área dos relacionamentos.